quarta-feira, 17 de abril de 2013

Sutil calar da pantera


pousada a lua
aquieto a cigana
que pulsa e se alucina
em minhas veias
buscando em teu peito
decifrar-te

aliso os lençóis
que apenas hoje
resguardam o teu cheiro
açoito
pantera
o teu calor
que por míseros minutos
de minha toca
emana

manhã alta
sou humana
a aurora dita
o diário cultivo
escancarando
de meu templo
cada pedra:
o lento trepidar de um segundo

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Pequeño poema infinito (Federico García Lorca)

Equivocar el camino
es llegar a la nieve
y llegar a la nieve
es pacer durante veinte siglos las hierbas de los cementerios.

Equivocar el camino
es llegar a la mujer,
la mujer que no teme la luz,
la mujer que no teme a los gallos
y los gallos que no saben cantar sobre la nieve.

Pero si la nieve se equivoca de corazón
puede llegar el viento Austro
y como el aire no hace caso de los gemidos
tendremos que pacer otra vez las hierbas de los cementerios.

Yo vi dos dolorosas espigas de cera
que enterraban un paisaje de volcanes
y vi dos niños locos que empujaban llorando las pupilas de un asesino.

Pero el dos no ha sido nunca un número
porque es una angustia y su sombra,
porque es la guitarra donde el amor se desespera,
porque es la demostración de otro infinito que no es suyo
y es las murallas del muerto
y el castigo de la nueva resurrección sin finales.

Los muertos odian el número dos,
pero el número dos adormece a las mujeres
y como la mujer teme la luz
la luz tiembla delante de los gallos
y los gallos sólo saben votar sobre la nieve
tendremos que pacer sin descanso las hierbas de los cementerios.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Meu guerreiro maia


Quando menino
desbravava continentes
em sonhos vívidos.

Nas pirâmides ocultas
desenhava batalhas e poesias
e antevia o futuro
recitado
no pulsar da terra
por pés despidos.

Cresceu tecendo guerras
brandindo seu machado justiceiro pelos ares
marcando o pão a sangue
e a cera
páginas de livros.

Tocava
como relíquia
suas crias
confabulando em seus ouvidos
sobre a delicadeza da vida.

Meu pai
meu guerreiro maia
sábio
agigantado
como quando menina
suas mãos tomavam as minhas
e no mundo
maior grandeza não havia.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Sabedoria amorosa


Não pude precisar o momento
daquela noite chuvosa
na cidade ensandecida
em que
entediada
apreciava a luta
de sua obtusa geometria
com os resquícios da
teimosa
humanidade
dos grafites.

Num átimo
olhei para mim
e me vi
Mulher.

Mulher
acolhida
pela negra seda
que tocaste
e tatuaste com teu cheiro.

Mulher
crente
em tuas palavras e gestos.

Mulher
plácida
senhora de seu tempo.

Não sei exatamente em que instante
- despida estava da lua e do som -
eu te compreendi.

E, afagada, permaneci
tomada e plena
de minha despretensiosa e súbita
sabedoria.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Dança


Menina
tiro-te a dançar
nos tablados da vida.
Sigo
atentamente
cada compasso
enquanto tu
- homem desritmado -
pisas-me o pé
e somes.

Poema revisitado dos idos de 2005 ou 2006. O original foi apresentado, com os devidos pudores de menina, aos membros (alguns verdadeiros sábios, todos nós verdadeiramente ébrios) da Academia de Letras da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Suas contribuições foram consideradas e geraram (com os outros bailes da vida) esta versão.