terça-feira, 26 de novembro de 2013

Sem mais

Não tenho interesse em velhos vícios.
Quero os novos
com cheiro de tinta fresca
entorpecendo os sentidos.

O que foi uma vã tentativa
descabida
pertencerá ao plano
dos sepultados com as homenagens de praxe.

Quero ver vida pulsando em cada artéria
cada veia saltando sob a pele
por não caber em si tamanha intensidade
e amar... Inebriar-me doentia!
Não me servem dias chuvosos
de melancolia ou apatia!
Que eu caia uma, dez ou mil
que me desfaça como água em solo fértil
seja arrebatada por perfumes enlaçando minhas paredes!
Pois me penetra como estaca
estar indiferente a um verso apaixonado do Poeta
ou ver-me furiosa vociferando
o discurso dos desiludidos.

Hoje eu desejo
desesperadamente
sentir.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Das contas dos desencontros

Foram tantos e desenganados
os desencontros
que colhi cada conta
das arrebatadoras
e das instantâneas e voláteis paixões.

De quando ainda menina
trago um canto tecido em uma rede.

Já moça
o cuidado do moreno
que investiu economias
em cafonas e belas pelúcias.

Quase-mulher
a dedicação extremada
do que seria o predestinado.

Felina
o fogo e a inconsequência do poeta
a frieza daquele que
(na contagem)
será esquecido
a sensibilidade do estrangeiro
e o riso fácil e sincero do menino
que, convicto, me nega.

Há quedas
Arte de Sabrina Eras para o
Projeto 54 2012 da El Cabriton
- sem dúvidas -
diárias
semanais
ou por longos períodos de luto.

Há um grito que se prende ao peito
sem qualquer solução lógica
que o desate.

E há a palavra
sufocada
com as penas que povoam travesseiros
e ensopada
com néctares profanos.

Mas do fundo
dos cacos
das contas
surge sempre
a mesma força motriz
e nada passa a ser mais urgente
do que a vida.